Estávamos em casa há uma semana quando a Sofia começou a tossir.
(Terá apanhado uma corrente de ar?)
No meio de tantos afazeres de família de 5 em quarentena, ia esperando que ela melhorasse e vigiando se aparecia tosse nos manos. Ela não melhorou, os manos mantinham-se bem.
Sábado acordou com os olhitos muito congestionados e a mesma tosse. Com o passar das horas vi que também tinha o nariz a pingar.
(É só uma constipação. Se calhar até é algum dentinho que está a romper.)
Fizemos aerossóis, vigiámos a temperatura.
(Amanhã já vai estar melhor. Amanhã já passou.)
No domingo piorou e no final da tarde ardia em febre.
A Sofia ainda nunca tinha tido febre...
Enviei mensagem à nossa pediatra com os sintomas da Sofia.
(Ela vai ver a mensagem e vai dizer que isto não é nada.)
Chegou a mensagem da pediatra:
"Tratar em casa como se fosse uma constipação comum e afastar dos irmãos dentro do possível"
(O chão fugiu-me debaixo.
na minha cabeça ecoava: COMO SE FOSSE UMA CONSTIPAÇÃO COMUM; COMO SE FOSSE UMA CONSTIPAÇÃO COMUM; COMO SE FOSSE UMA CONSTIPAÇÃO COMUM...
E se não for?
E se for a tão assustadora COVID-19?
Foi deste pensamento que andei a fugir desde que a ouvi tossir pela primeira vez. Fiz todo o esforço para não me render a esta ideia e ao medo que ela traz consigo, não ousei pronunciar este medo e nem me permiti pensá-lo. Mas agora ele tirava-me o chão apertáva-me a garganta com força e fazia-me olhar para a Sofia com angústia.)
Mesmo com o Ben-U-Ron, com o aproximar da noite, a febre teimava em não ceder e a Sofia começou a ter uma respiração ofegante.
Filmei-a e enviei para a pediatra.
Nova mensagem da pediatra:
"Tem que fazer Ventilan"
Lá foi o pai munido de álcool gel e luvas à farmácia, enquanto eu fiquei a tentar gerir a Sofia, sempre ao colo, muito chorosa e aflita, e os manos nas rotinas de final de dia.
A minha cabeça rebentava de ideias horríveis que tentava disfarçar para os meninos, enquanto via a Sofia mais e mais aflita para respirar.
Chegou o pai. Sapatos à porta, muda de roupa, banho.
Manos deitados e finalmente fazemos os aerossóis. Melhorou um bocadinho. Passou a noite muito agitada. Passei a noite a olhar para ela, com a cabeça a rebentar de pensamentos assustadores. Ainda foram 3 dias bastante difíceis e depois começou a melhorar, a sorrir como só ela, a voltar a estar bem disposta.
Faz hoje uma semana do seu pior momento.
Nesta fase que vivemos nenhuma constipação é apenas uma constipação. Mantenha-se protegid@ e em casa e muita força a todas as famílias que passam por sustos ou confirmações desta doença que nos testa a todos de várias formas, a todos os instantes.
Acho que esse é o medo de qualquer mãe neste momento. Sempre que ouço um a tossir fico com a "pulga atráz da orelha" e sustenho a respiração por um momento para ouvir se tosse outravez!
ResponderEliminarVamos todos ficar bem! ��