Manual de Sobrevivência para Grávidas - 12 Dicas para Evitar a Infeção por Toxoplasmose

5.6.19
Bom dia,

A propósito deste post, muitas foram as leitoras que me questionaram sobre a Toxoplasmose, a imunidade a ela e o que fazer para a evitar durante a gravidez, uma vez que ser contaminada grávida pode ter graves consequências para o bebé.

Eu não sou imune à Toxoplasmose, como a maioria das grávidas e por isso deixei de comer alimentos crus, fumados e não pasteurizados durante a gravidez. Isso quer dizer não comer sushi, enchidos e aqueles queijinhos mais artesanais.
Com os vegetais crus, salada, cerejas, morangos e frutas que não sejam de descascar, só como em casa e lavados com Amukina, mas veja toda a explicação e os cuidados adicionais que tem que ter se tiver um animal de estimação.

Trago-lhe então a este propósito um ótimo artigo que encontrei na Visão com 12 dicas para evitar a infeção por Toxoplasmose.


Célia Palma
ANIMAIS

TOXOPLASMOSE. 12 DICAS PARA EVITAR INFEÇÃO DA MULHER GRÁVIDA 

Estudos recentes mostram que o contacto com os gatos não aumenta o risco de infeção

A Toxoplasmose é uma doença causada por um parasita microscópico (Toxoplasma Gondii). Como pode afetar fetos humanos, é natural que mulheres grávidas, familiares e profissionais de saúde se preocupem com a possibilidade desta infeção no bebé por nascer. De tal forma que a sua prevenção se tornou uma obsessão para todos os que estão direta ou indiretamente ligados à saúde pré-Natal, sendo os gatos as grandes vitimas deste pânico global.
O desconhecimento do ciclo de vida do parasita e sua da forma de transmissão levam a que muitos gatos sejam afastados temporaria ou permanentemente do contacto com a mulher grávida, sem levar em consideração os laços afetivos que os unem e o transtorno psicológico que a futura mãe irá viver, com o inevitável prejuízo para o bebé. A maior parte das grávidas tem ligação afetiva ao animal que tem em casa e a separação do mesmo condicionará o seu estado emocional. Os prejuízos para ambos, mãe e filho são consideráveis, mas quase sempre esquecidos pelos familiares e profissionais de saúde. Mas a pressão familiar e social faz com que a futura mãe aceite a decisão de afastamento, por medo de efetivamente vir a prejudicar a saúde do seu bebé por nascer, preferindo acatar esta solução a viver uma culpa cultivada por todos os que a rodeiam.
O que deveremos fazer? Deveremos efetivamente continuar a culpar estes pequenos felinos pela transmissão de tal doença? Sem duvida os gatos fazem parte do ciclo de vida do parasita. No entanto, estudos recentes mostram que o contacto com estes animais não aumenta o risco de infeção. De facto, veterinários que trabalham com gatos de todo o género, idade e estado sanitário, não mostram uma probabilidade maior de serem infetados, do que a população em geral, incluindo aqueles que não têm qualquer contacto com esta espécie.
Então como se efetiva a transmissão do parasita? Os gatos infetam-se ingerindo carne contendo os quistos do T gondii (incluindo pequenos roedores ou carne mal cozinhada). Depois da ingestão, começa e eliminar partículas (ooquistos) nas fezes. O sistema imunitário do gato rapidamente responde a esta infeção e impede o parasita de se reproduzir. Assim, a eliminação de ooquistos termina entre o 10° e o 14° dia de infeção. Voltar a eliminar tais partículas, depois deste tempo, é extremamente raro e mesmo que ocorra só um pequeno número de ooquistos conseguirá passar. Após a eliminação, os ooquistos não são imediatamente infetantes. São precisos entre 1 a 5 dias para se transformarem em esporos. A este fenómeno chamamos esporulação. Ooquistos esporulados podem sobreviver mais de 18 meses e podem ser espalhados no ambiente por objetos ou até pelas fezes de cão, se os ooquistos forem acidentalmente engolidos por estes.
Quase todos os mamíferos de sangue quente (incluindo humanos, ovelhas e ratos) podem ser infetados, ingerindo acidentalmente ooquistos esporulados. No entanto o parasita não se reproduz no seu intestino e por isso não produzem ooquistos- isto só acontece no gato. Nestas espécies os quistos alojam-se noutras zonas do corpo, incluindo músculo, tornando-se uma fonte de infeção, se a sua carne for consumida. Daí a forte possibilidade de a grávida se infetar ao comer carne pouco cozinhada.
O risco do gato se infetar com T gondii depende do seu estilo de vida. Aqueles que se passeiam pelo exterior e são caçadores bem sucedidos, são os que apresentam um maior risco. Os de apartamento e que se alimentam de comida processada, própria para gatos, apresentam um risco nulo, exceto se comerem carne fresca ou pouco cozinhada.
E os humanos? Como se infetam? Logicamente da mesma forma: comendo carne pouco cozinhada, tal como vaca, porco e borrego. O congelamento da carne ajuda a prevenção, uma vez que o parasita não resiste a baixas temperaturas. Também carnes curadas, não cozinhadas, tais como os enchidos, representam um risco considerável. Mas uma das mais importantes fontes de contaminação são os solos, e os produtos por ele produzidos, tais como legumes e frutos. Ingerir estes produtos frescos, mal lavados ou tocar na boca com as mãos, enquanto se pratica jardinagem, pode ser um risco, assim como beber leite não pasteurizado ou queijo feito a partir deste mesmo. Rara é a infeção a partir da água ou por inalação de poeiras.
A infeção em humanos é comum. Depois desta ocorrer a maioria dos infetados torna-se imune para vida. Normalmente a pessoa nem sabe que foi infetada, uma vez que os sintomas são transitórios e semelhantes aos da gripe. No entanto pode ser um problema grave em pessoas com sistema imunitário comprometido, tais como transplantados, submetidos a tratamentos anticancerígenos, vitimas do vírus da SIDA, crianças ou idosos. Se uma mulher não imune (sem contacto prévio com o parasita) se infetar durante a gravidez, o bebé está em risco, sobretudo se a infeção ocorrer durante o primeiro trimestre, havendo forte possibilidade de aborto espontâneo.

E COMO POSSO DIMINUIR O RISCO DE INFEÇÃO, SE ESTIVER GRÁVIDA OU COM IMUNOSUPRESSÃO?

1- Usando luvas quando se manuseia carne crua, frutos e vegetais e lavando sempre as mãos depois disso.
2- Cozinhando toda a carne a pelo menos 70°C durante 15 minutos ou congelando a mesma a -12°C, por alguns dias. Ambos os procedimentos matarão os ooquistos.
3- Evitando consumir enchidos, leite e subprodutos do leite não pasteurizados.
4- Lavando cuidadosamente frutos e legumes para saladas, por forma a remover todos os vestígios de terra.
- Lavando todos os utensílios e superfícies, depois da preparação de carne fresca, frutos ou legumes, com água quente e detergente.
6 - Fervendo ou filtrando água não tratada, antes de beber.
7 - Usando luvas para jardinar, evitando por as mãos ou as luvas em contacto com a boca. Lavar cuidadosamente as mãos depois de qualquer contacto com o solo.
8 - Mudar o areão diariamente para que os ooquistos não tenham tempo de esporular e de se tornarem infeciosos.
9 - Evitando limpar o tabuleiro onde o gato elimina, incumbindo outra pessoa de o fazer, se possível. Se não houver mais ninguém que o faça, usando luvas, evitando o contacto com a boca e lavando as mãos depois de terminar a tarefa.
10 - Lavando periodicamente o tabuleiro, com água quente e detergente ou desinfetante seguro para gatos, submergindo-o durante 5 a 10 minutos.
11 - Cobrindo as caixas de terra para brincadeiras de crianças, evitando desta forma que os gatos eliminem nestas áreas.
12 - Evitando alimentar os gatos com carne crua, pouco cozinhada ou leite não pasteurizado.
Os gatos só eliminam ooquistos nas fezes até ao 10°/ 14° dia após a primeira infeção e normalmente não voltam a eliminar ou a infetar-se, a não ser que que sofram de outras doenças, tais como a leucemia ou a imunodeficiência felinas. Portanto um gato adulto saudável é muito pouco provável constituir um risco para o tutor ou para o bebé por nascer. Se se tratar de um gato idoso, muito provavelmente já está imune, por já se poder ter infetados nalguma fase da sua vida. Os estudos mostram que tocar num gato não constitui risco, uma vez que mesmo nos casos em que estão a eliminar ooquistos nas fezes, estes não foram encontrados do seu pelo.
É possível testar o gato para esta doença, com uma simples amostra de sangue ou fezes. No entanto é sempre difícil distinguir entre infeção recente ou antiga, numa amostra sanguínea. Muitas vezes só com mais do que uma recolha e a comparação entre os resultados, permite ao veterinário conclusões mais definitivas. Em relação às fezes, se efetivamente forem encontrados ooquistos, sabemos que está com infeção ativa.
Espero que este texto tenha ajudado um pouco a desmistificar uma das principais causas de abandono de gatos em gatis ou mesmo na via pública. A probabilidade de infeção a partir desta espécie é tão baixa que não justifica o alarmismo em torno da mulher grávida, numa das fases mais encantadoras da sua vida. Nada precisa de mudar. Poderá continuar a disfrutar da companhia do seu amigo de quatro patas, sem stress ou medos irracionais. Deverá sem dúvida acrescentar alguns cuidados ao seu dia a dia. Mas nada que lhe cause tristeza ou lhe imponha decisões difíceis. Ter um gato não significa abdicar de ser mãe, assim como ser mãe não significa desistir da companhia de um encantador felino…

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