O pelico (colete de pele) é uma peça que me diz muito.
Para além de tradicional, faz parte das minhas memórias. Na minha zona do Alentejo a maior parte das crianças tinham um. Ainda hoje tem.
Lembra-me o entardecer frio dos dias pequenos de inverno.
O frio que mora no meu Alentejo não mora em mais lado nenhum. Lá vive um frio que não tem outra morada. É calmo e não conhece pressa, como não tem pressa quem não vai a mais lado nenhum, gelado e como bom alentejano, abraça-nos assim que o encontramos, num abraço que diz mais que todas as palavras e nos chega à alma.
Do frio do meu Alentejo não se foge, agasalha-se num capote. Os pequenitos aprendem a fazê-lo com o seu pelico, e começa assim a aprender-se uma comunhão tão nossa.
Hoje foi a vez de o vestir ao Afonso.
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